Falar com o paciente e explicar as nossas técnicas é o caminho do futuro dos fisioterapeutas se querem melhorar a eficácia do seu trabalho – assegurou sábado, dia 9 de fevereiro, Eduardo Merino no Instituto Superior de Saúde (ISAVE), em Amares.
O osteopata e fisioterapeuta foi o convidado principal de uma ação de Formação que decorreu durante dois dias no Instituto Superior de Saúde (ISAVE)
A ação sobre Terapia Sensorial e Cognitiva – Módulo V – constitui uma formação única que funde as terapias de interpretação humana e dirige-se a fisioterapeutas e registou a participação de várias dezenas de ex-estudantes do ISAVE e Orientadores de Estágio.
Partindo do princípio de que “não devemos dogmatizar a nossa ação”, Eduardo Merino lembrou que os fisioterapeutas “tocam no paciente mas não sabem falar com o paciente” ignorando que a “mesma técnica tem resultados diferentes em cada pessoa”.
Eduardo Merino partilhou muitas das suas experiências com os seus pacientes no sentido de “procurar perceber o movimento do ser humano, depois de perceber como ele pensa e interpretar como evolui”.
Este Mestre em Psicologia e doutor em Antropologia biológica lembrou a juventude da Fisioterapia que nasceu por “necessidade dos médicos terem alguém para chegar uns cremes aos doentes”.
“Nascemos submissos aos médicos e estamos em aprendizagem desde que nascemos, na procura permanente de soluções, o que explica que sejamos ainda uma classe profissional muito frágil” – acrescentou Eduardo Merino.
Apontando um caminho diferente para a fisioterapia, o orador lembrou que a “Vida humana é extremamente complexa, derivada de sermos Homo sapiens sapiens, com uma capacidade extrema de questionar”.
Por outro lado, o ser humano é uma espécie que “é rei da adaptação, o que faz dele o único ser vivo no deserto e nos polos, entre os 39 graus da Namíbia e os 14 graus negativos do Polo Norte, desde há milhão e meio de anos”.
Citando Darwin, o orientador desta formação acentuou que “não é o mais forte que sobrevive. Nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.
O QUE MUDA TUDO
Desafiando os participantes a darem as mãos uns aos outros, perguntou-lhes se sentiam mão do outro. “Não, sinto a minha mão apertada pela tua. Sinto-me a mim e não o outro. Este pormenor muda tudo e tem a ver connosco. Não tem nada a ver com o paciente”.
Chama-se a isto Egocentrismo fisiológico: “os outros não pensam como nós. A única pessoa que nos conhece somos nós. De nós pede-se o máximo, ou seja, tentar conhecer ou perceber o outro, mas sempre com base no que conhecemos. É o grande erro da nossa classe. Esquecemos de falar com o paciente e de lhe fazer perguntas”.
Dirigindo-se aos seus formandos, Eduardo Merino aconselhou-os a “questionar-se sempre sobre o que fazer com as técnicas e as ferramentas” pois isso é uma exigência dos nossos “cem milhões de neurónios no nosso cérebro, em que cada neurónio faz entre mil e dez mil ligações com outros neurónios”.
É essa a grande vantagem humana: o raciocínio ou tomada de consciência alojada no córtex pré-frontal.
Assim, o ser humano está programado para fazer bem exceto quando somos toldados pela droga, álcool, paixão e competição.
Cada célula que nasce acarreta três fatores essenciais – emoção, a biologia e a socialização – e a forma como o organismo humano integra este processo regenerativo, conduz à evolução, ou à regressão e à doença.