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Adelaide Morais: uma das mulheres há mais anos em funções no ISAVE

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Adelaide Morais: uma das mulheres há mais anos em funções no ISAVE

Neste Dia Internacional da Mulher damos voz a uma das mulheres há mais anos em funções no ISAVE – Instituto Superior de Saúde. De trato fácil, Adelaide Morais encontra-se diariamente nos nossos corredores, onde trabalha há cerca de 12 anos como assistente operacional.

O ISAVE não foi o seu primeiro emprego. Com uma vida marcada pelo falecimento do pai aos 51 anos, Adelaide começou a trabalhar aos 16 anos – “acabei a escolaridade obrigatória, que na altura era o 6º ano, e fui trabalhar, porque o meu pai faleceu muito cedo. Nós éramos 7 irmãos e a minha mãe não tinha forma de nos criar sozinha”. Apesar dos irmãos mais velhos terem prosseguido os estudos, Adelaide confessa que estudar não fazia parte dos seus planos. “Eu queria trabalhar, porque a minha mãe não me podia dar o que eu queria”.

Começou ainda nova a trabalhar numa padaria/pastelaria, onde esteve à frente do balcão durante 19 anos e, após uma mudança na entidade patronal, acabou por ficar desempregada. Estava traçado o caminho na direção do ISAVE.

Adelaide Morais tem hoje 62 anos e entrou no ISAVE por via da substituição de uma colega, que se encontrava de licença de maternidade. Apesar de, findo este período, não ter sido admitida, Adelaide acabou por ser contratada no ano seguinte, estando há 12 anos como assistente operacional do ISAVE.

Adelaide Morais

Ser Mulher: o ambiente familiar raro de Adelaide

Em Portugal, à semelhança dos restantes países da União Europeia, as mulheres são a esmagadora maioria da população inativa devido à “responsabilidade de cuidar”. A feminização desta modalidade pode ser explicada com base na persistência de representações sociais tradicionais e na assimetria na partilha de responsabilidades e tarefas domésticas e de cuidado entre mulheres e homens.

Tendo começado a trabalhar tão nova, Adelaide confessa-nos que ser Mulher nunca foi um entrave para ela. O motivo? A educação dada pela mãe, uma exceção em tempos de ditadura. “A minha mãe era modista e ensinou os filhos mais velhos a cozinhar, porque ela tinha muito trabalho. Até os ensinou a fazer as camas! As raparigas eram as mais novas e os meus irmãos ajudavam a arrumar e a limpar a cozinha, etc. Os meus irmãos faziam tudo o que se fazia em casa e a minha mãe ensinou-lhes tudo como nos ensinou a nós.”

Contudo, Adelaide reconhece que este ambiente não era a norma: “Não havia distinção entre rapazes e raparigas, mas isso não era muito comum. Como o meu pai faleceu cedo e a minha mãe teve de fazer o papel de mãe e pai, ensinou-os (aos rapazes) a fazer tudo”.

Na sua geração havia diferença nos papeis atribuídos a homens e a mulheres, “mas em minha casa não”, afirma Adelaide Morais.

A Educação e o caminho para a Igualdade

A educação constitui a base de uma sociedade moderna, que se quer igualitária e combatente das desigualdades. A educação permite que todos os indivíduos possam responder às exigências sociais, económicas e políticas da vida.

O caso da mãe de Adelaide é raro e já a levou a questionar-se sobre os motivos que levaram a que fosse detentora de um espírito aberto. “A minha mãe tinha um tio padre. Na altura, os padres tinham uma empregada, mas tinham de ter uma pessoa de família também com eles. Foi assim que a minha mãe, aos 6 anos, foi para junto do tio. Não sei se isso teve influência, mas a minha mãe acabou por ter uma educação mais aberta, falava sobre todos os assuntos com qualquer pessoa”.

O presente

Adelaide Morais é natural de Ferreiros (Amares), é casada e não tem filhos. Contudo, o contacto direto com os alunos do ISAVE fá-la reconhecer que nem todos os rapazes têm uma educação parecida à dos seus irmãos: “ainda há coisas a mudar. Às vezes em certas palavras que eles têm com as miúdas, apercebo-me que ainda são um bocadinho machistas”.

Esta constatação reforça os dados obtidos pelo UNI+, um programa promovido pela Associação Plano i. O seu observatório da violência no namoro revela que as formas mais prevalentes de violência são a verbal e a emocional, seguidas de violência física e psicológica. Por sua vez, 25% dos crimes ocorreram no distrito de Braga, um valor apenas ultrapassado no distrito do Porto (30%).

A celebração do Dia Internacional da Mulher é assim, na opinião de Adelaide, uma comemoração que faz todo o sentido. “A mulher deve ser emancipada. Este dia é importante para que nos lembremos de toda a luta que foi feita até hoje”.

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